sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um projeto de nação

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Almanaque Alagoas:


Muitos de nós temos a devida clareza sobre o atual momento em que vive o País de persistente crescimento econômico, a incorporação de dezenas de milhões de brasileiros no mercado de trabalho, o acesso em massa a bens de consumo jamais imaginado pelas maiorias.

Com a multiplicação da massa salarial houve o aquecimento do comércio e da indústria. Além disso, as nossas exportações avançaram nesses últimos nove anos fazendo com que o PIB tenha aumentado substancialmente.

O Brasil vive uma época de respeitáveis índices de crescimento econômico (apesar da crise internacional do capitalismo) e da presença do Estado nacional em suas responsabilidades indeclináveis interrompendo, em parte, uma tendência de ortodoxia neoliberal que durou oito anos.

Mas as heranças da época hegemônica das políticas do novo liberalismo ortodoxo não desapareceram em aspectos decisivos dos fundamentos da economia e esses entulhos têm dificultado um salto em relação a um novo e mais avançado ciclo Histórico brasileiro.

A dificuldade torna-se maior quando associamos esses entraves estruturais à ausência de imprescindíveis valores políticos, culturais e ideológicos.

É preciso muita relativização das coisas para não se constatar que além do chamado "ciclo virtuoso" econômico existe uma sociedade se expandindo de maneira estabanada meio sem lenço e sem documento.

As políticas governamentais contra óbvias enfermidades sociais vão se mostrando paliativas e meramente compensatórias para males que se agravam como o aumento da violência generalizada, o lucrativo negócio das drogas pesadas, problemas em educação, saúde pública etc.

A opinião da maioria do povo brasileiro é que a nação jamais deve retornar às nefastas políticas neoliberais de ontem mas isso é pouco para enfrentar manifestações perversas no tecido social, várias delas impostas ao povo brasileiro através de valores culturais importados do que é pior entre as nações imperiais em declínio.  

Se não houver edificação ideológica, cultural de uma sociedade progressista, solidária, humanista, podemos nos transformar num País economicamente próspero mas regido pela lei do cão, do cada um por si do  mais predador dos capitalismos dessa nova ordem mundial.

O projeto de nação do povo brasileiro reivindica a unidade dos trabalhadores, a luta engajada da juventude na construção de uma nova cultura política libertária e transformadora.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Encruzilhadas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Almanaque Alagoas:


O redirecionamento, em parte, das orientações neoliberais na economia brasileira associado ao processo de crescimento econômico do País vem provocando nos últimos nove anos modificações  na realidade nacional.

Esse crescimento tem possibilitado uma expressiva geração de emprego e renda incorporando dezenas de milhões de brasileiros ao mercado de trabalho criando uma massa salarial que vem dinamizando os diversos segmentos produtivos, impulsionando fortemente o consumo.

Ao mesmo tempo os produtos primários que o Brasil exporta, especialmente os agrícolas, valorizaram-se substancialmente configurando uma permanente fonte de divisas associada à intensificação de parcerias comerciais, com a China por exemplo, que tem ampliado o escoamento da nossa produção.

A alteração da realidade econômica sul-americana que vem se caracterizando por contínuas taxas de crescimento deu impulso à integração continental ensejando mais ainda a liderança regional brasileira.

Tudo isso e um conjunto de outros fatores positivos tem mostrado que o Brasil vem sendo beneficiado por situações especialmente favoráveis nesse novo cenário econômico internacional.

Nesse contexto evidencia-se uma mudança de atitudes em relação ao papel estratégico do Estado nacional, o empenho na defesa da competitividade dos nossos produtos no mercado externo assim como a implementação de políticas sociais que tem provocado significativas alterações nos trágicos indicadores sociais de pobreza.

Mas é verdade também que os nosso gargalos econômicos são de natureza estrutural porque jamais algum País conseguiu alcançar o desenvolvimento sem investimentos prioritários, de longo curso, em ciência, tecnologia de ponta, infra-estrutura, saúde e educação em geral.

O crescimento nacional tem sérios problemas em seus fundamentos econômicos porque ele se encontra imbricado ao capital rentista criando graves dificuldades, a exemplo das absurdas taxas de juros e das tendências de desindustrialização do parque produtivo nacional.

O País ainda não tem um projeto de sociedade, de civilização mesmo, e não vem reunindo as condições subjetivas essenciais para tanto. Encontra-se vulnerável em relação ao bombardeio político e ideológico do complexo midiático hegemônico mundial, e congêneres nativos, associados ao capital financeiro internacional promotores dessa "nova ordem mundial" inimiga das nações e dos povos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Frei Betto: O novo fetiche

No Vermelho o texto de Frei Betto:


A modernidade, período que se estendeu pelos últimos cinco séculos, está em crise. Vivemos, hoje, não uma época de mudanças, mas uma mudança de época. No milênio que começa emerge algo imprecisamente chamado de pós-modernidade, que se insinua bem diferente de tudo o que nos antecedeu, imprimindo novo paradigma.


Por Frei Betto

Na Idade Média, a cultura girava em torno da figura divina, na idéia de Deus. Na modernidade, centra-se no ser humano, na razão e em suas duas filhas diletas: a ciência e a tecnologia.

Um dos símbolos que melhor expressa esta passagem é a pintura de Michelangelo – A criação de Adão - no teto da Capela Sistina: Deus Pai, de barba longa, todo encoberto de mantos, representa o teocentrismo da época perante o homem desnudo, fortemente atraído para a Terra. O homem estende o dedo para não perder o contato com o transcendente, com o divino. A desnudez de Adão traduz o advento do antropocentrismo e a revolução que a modernidade representou em nossa cultura.

Episódio característico da modernidade ocorreu em 1682, quando mister Halley, baseado exclusivamente em cálculos matemáticos - pois não dispunha de instrumentos óticos -, previu que um cometa voltaria a aparecer nos céus de Londres dentro de 76 anos. Na ocasião, muitos o consideraram louco. Como, fechado em seu escritório, baseado em cálculos feitos no papel, poderia prever o movimento dos astros no céu? Quem, senão Deus, domina a abóbada celestial?”.

Mister Halley morreu em 1742, antes de se completarem os 76 anos previstos. Em 1758, o cometa, que hoje leva o seu nome, voltou a iluminar os céus de Londres. Era a glória da razão!

“Se é assim,” disseram, “se a razão é capaz de prever os movimentos dos astros como demonstraram Copérnico e Galileu - e depois Newton, um dos pilares da nossa cultura -, então ela haverá de resolver todos os dramas humanos! Porá fim ao sofrimento, à dor, à fome, à peste. Criará um mundo de luzes, progresso e felicidade!”

Cinco séculos depois, o saldo não é dos mais positivos. Muito pelo contrário. Os dados são da FAO: somos 7 bilhões de pessoas no planeta, das quais metade vive abaixo da faixa da pobreza, e 852 milhões sobrevivem com fome crônica.

Há quem afirme que o problema da fome é causado pelo excesso de bocas. Em função disso, propõe o controle da natalidade. Oponho-me ao controle, e sou favorável ao planejamento familiar. O primeiro é compulsório, o segundo respeita a liberdade do casal. E não aceito o argumento de que há bocas em demasia. Nem falta de alimentos. Segundo a FAO, o mundo produz o suficiente para alimentar 11 bilhões de bocas. O que há é falta de justiça, de partilha, e excessiva concentração da riqueza.

Por atravessarmos um período de muita insegurança, as pessoas buscam respostas fora do razoável. Observe-se, por exemplo, o fenômeno do esoterismo: nunca Deus esteve tão em voga como agora. Suscita paixões e fundamentalismos, a favor ou contra.

A crise da modernidade culmina no momento em que o sistema capitalista alcança a sua suprema hegemonia com o fim do socialismo, e adquire um novo caráter, chamado de neoliberal.

Quais as chaves de leitura dessa mudança do liberalis­mo para o neoliberalismo? Sob o liberalismo, falava-se muito em desenvolvimento. Na década de 1960, surgiu a teoria do desenvolvimento, que incluía também a noção de subdesenvolvimento; criou-se a Aliança para o Progresso, destinada a “desenvolver” a América Latina.

A palavra ‘desenvolvimento’ tem certo componente ético, porque ao menos se imagina que todos devem ser beneficiados. Hoje, o termo é ‘modernização’, que não tem conteúdo humano, mas sim forte conotação tecnológica. Modernizar é equipar-se tecnologicamente, competir, lograr que a minha empresa, a minha cidade, o meu país, aproximem-se do paradigma primeiro-mundista, ainda que isso signifique sacrifício para milhões de pessoas.

O Mercado é o novo fetiche religioso da sociedade em que vivemos. Outrora, pela manhã nossos avós consultavam a Bíblia. Nossos pais, o serviço de meteorologia. Hoje, consultam-se os índices do Mercado...

Diante de uma catástrofe, de um acontecimento inesperado, dizem os comentaristas econômicos: “Vamos ver como o Mercado reage”. Fico imaginando um senhor, Mr. Mercado, trancado em seu castelo e gritando pelo celular: “Não gostei da fala do ministro, estou irado.” E na mesma hora os telejornais destacam: “O Mercado não reagiu bem frente ao discurso ministerial”.

O mercado é, agora, internacional, globalizado, move-se segundo suas próprias regras, e não de acordo com as necessidades humanas. De fato, predomina a globocolonização, a imposição ao planeta do modelo anglo-saxônico de sociedade. Centrado no consumismo, na especulação, na transformação do mundo em cassino global.

Diante da crise financeira que afeta o capitalismo e, em especial, direitos sociais conquistados nos últimos dois séculos, é hora de se perguntar: qual será o paradigma da pós-modernidade? Mercado ou a “globalização da solidariedade”, na expressão do papa João Paulo II?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Portugueses e gregos vão às ruas em luta


Os sítios nacionais de notícias na internet publicam, sem grande destaque, em suas seções de economia, notícias a respeito das manifestações na Grécia e Portugal contra os pacotes impostos em troca dos empréstimos para o resgate financeiro de suas economias.

Em Portugal cerca de trezentas mil pessoas se manifestaram neste sábado em Lisboa contra a reforma trabalhista do Governo português convocadas pelo maior sindicato do país, a Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), sendo considerado o maior protesto realizado na capital lusa nos últimos 32 anos.

O protesto se transformou em uma passeata contra o amplo programa de ajustes adotado pelo Executivo português e que supera inclusive as medidas pactuadas com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) como contrapartida por sua ajuda financeira. A nova legislação inclui a redução de férias, a supressão de feriados e um rebaixamento do pagamento de horas extras. Também serão cortadas significativamente as indenizações por demissões, que passam de 30 dias por ano trabalhado para entre oito e 12 dias.

O protesto fechou o tráfego e percorreu o centro de Lisboa até a Praça do Comércio, às margens do rio Tejo. Na Praça do Comércio, o secretário-geral da CGTP tomou a palavra para prometer que a central sindical lutará contra esta reforma trabalhista. Em seu discurso, exigiu ao Executivo a atualização do salário mínimo, estabelecido agora em 485 euros mensais, quantidade que segundo seus dados recebem cerca de 400 mil trabalhadores portugueses. "Se levamos em conta os 11% que cada empregado desconta para o Seguro Social, o salário líquido fica em 432 euros, quando a linha de pobreza se situa em 434 euros", denunciou o sindicalista.


Na Grécia, a praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego, é palco de protestos neste domingo. Os legisladores do país estão reunidos para decidir se vão aceitar severas restrições para receber uma ajuda de credores internacionais. As exigências para o empréstimo incluem cortes no orçamento, mudanças legais para facilitar demissões, redução de 22% no salário mínimo e garantias políticas de que os acordos serão cumpridos.

Se o pacote for aprovado, a população grega deve enfrentar mais cortes de empregos e reduções nos salários. Nos últimos meses, aposentadorias foram cortadas e o governo anunciou a demissão de mais de 15 mil funcionários públicos. As demissões entram no contingente de 150 mil postos de trabalho que a Grécia deve reduzir no setor público até 2015, para agradar os credores.

Uma importante associação da Polícia grega exigiu nesta sexta-feira que sejam emitidas ordens de detenção contra os representantes da troika pelas acusações de extorsão e outros delitos contra a soberania nacional. O pedido é da Federação Pan-helênica de Oficiais de Polícia (POASY), em carta que fez referência aos três representantes da chamada troika na Grécia: Poul Thomsen, do Fundo Monetário Internacional (FMI); Servaz Deruz, da Comissão Europeia e Klaus Mazuch, do Banco Central Europeu (BCE).

"Ficam avisados que, como representantes legítimos da Polícia Grega, pedimos que sejam emitidas ordens de prisão contra os senhores por uma grande quantidade de delitos contemplados pela legislação e de acordo com o Código Penal grego", afirma a carta.

Concretamente, os policiais acusam os representantes da troika de “extorsão", "promoção encoberta da eliminação ou redução de políticas democráticas e da soberania nacional" e "interferência em processos legais essenciais" do Estado. A POASY pede "políticas programáticas que guardem os interesses dos trabalhadores" e que o interesse dos "agiotas" "não seja posto acima das necessidades básicas do povo".

O sítio português ODiario.info destaca a manifestação em Lisboa:


Terreiro do Povo, Portugal do Povo

A manifestação nacional convocada pela CGTP para hoje, 11 de Fevereiro, trouxe a Lisboa mais de 300 mil manifestantes. Mas o seu significado excede em muito essa impressionante dimensão quantitativa.

Em primeiro lugar pela invulgar participação: pode dizer-se que nela estiveram representadas, no fundamental, todas as classes e camadas que a política da troika estrangeira, servilmente subscrita e executada pela troika nacional, atinge e agride. Trabalhadores de todos os setores de atividade, de todas as regiões do continente, de todas as idades. Trabalhadores manuais e trabalhadores intelectuais. Homens, mulheres, jovens. Com um traço relativamente invulgar: enquanto a enorme massa humana se deslocava pelas ruas da Baixa o número de espectadores nos passeios era bastante reduzido, ao contrário do que é habitual em ações semelhantes. Nesta grandiosa manifestação ninguém quis ficar de fora: todos foram participantes.

O discurso do novo Secretário-Geral da CGTP foi escutado com intensa participação e aprovação. Foi o porta-voz das justas reivindicações populares. Foi calorosamente apoiado nomeadamente quando manifestou a determinação da Central Sindical em prosseguir e ampliar a luta até à derrota da política antinacional que o governo e o patronato conduzem; quando denunciou o “acordo de concertação social” - subscrito pelo patronato, pelo governo do patronato e pela central “sindical” amarela do patronato - como o mais violento ataque contra os direitos sociais e laborais empreendido desde o tempo do fascismo; quando reafirmou que, em poucas circunstâncias históricas como a atual é tão nítida a coincidência entre os interesses dos trabalhadores e do povo e o interesse nacional. O grito “A Luta Continua!” ecoou com inabalável determinação.

Poderá o governo (vigorosamente vaiado) imaginar que será capaz de ignorar esta imensa força popular. Poderá imaginar que o apoio popular que não tem poderá ser compensado pelo apoio do grande capital. Que a vergonhosa obediência às ordens da troika estrangeira lhe assegurará a permanência no poder.

Mas convém que guarde na memória o dia 11 de Fevereiro de 2012. É o dia em ganhou uma nova energia o movimento do povo que, tarde ou cedo, o conduzirá à derrota.

Os Editores do odiario.info

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Rio de todos os Brasis

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


No dizer de Carlos Lessa o Rio de Janeiro encontra-se no imaginário do brasileiro como a síntese de características e potencialidades nacionais, espaço aberto a todos que lá chegados seriam cariocas, muito mais um estado de espírito que a dependência de naturalidade.

A década de noventa caracterizada pela hegemonia absoluta e a intervenção avassaladora do neoliberalismo no Brasil feriu a face do brasileiro e também deixou a cidade maravilhosa estagnada, com perda de auto-estima.

Apesar das alterações econômicas e políticas atuais a nova ordem mundial continua determinando ideologicamente, culturalmente, as práticas neoliberais através da chamada governança global e da hegemonia midiática internacional.

Mas eis que nesta semana assisti ao incrível documentário "As batidas do Samba" uma reflexão sobre o Rio de Janeiro, o samba, as suas raízes lá do tempo da escravidão, da resistência nas senzalas e como foi desenvolvendo suas maneiras cosmopolitas.

Incorporando, em magistral sincretismo, outras tendências musicais até se transformar em uma das fundamentais manifestações do povo carioca e um verdadeiro itinerário da construção de uma cultura genuinamente popular com os seus mestres guardiões da mais autêntica identidade nacional.

Com os depoimentos de Monarco, Ismael Silva, Wilson das Neves, Marçalzinho, Moacyr Luz, histórias sobre Noel Rosa, Pixinguinha, Donga, Cartola, Bide, mestre Marçal e a beleza plástica dos ritmos, da paisagem do Rio.

Os testemunhos como o de Monarco de que "a força do povo não tem prazo de validade", uma cultura que sobreviveu a inúmeras perseguições, discriminações de toda ordem até se afirmar incontestável em linguagem e estilo de vida.

Atualmente o Rio passa por grandes transformações, "um verdadeiro canteiro de obras" gerando emprego, renda, no curso de dois mega eventos mundiais.

Mas cercada por decretos, leis, esquemas internacionais de repressão, "controle social" e tantos outros que tendem a enquadrá-la definitivamente em uma cidade da artificiosa globalização.

O preço a pagar por esse tipo de desenvolvimento será o distanciamento desse Rio enfatizado por Carlos Lessa, apartado das suas identidades e raízes populares, uma rara especiaria a ser consumida por uma elite mundial privilegiada. O que vai implicar na continuidade histórica da resistência cultural e política do povo carioca.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O capitalismo verde

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


A degradação ambiental é uma realidade em grande parte dos países com a proliferação de grandes concentrações de lixo a céu aberto, especialmente entre as nações do terceiro e quarto mundos.

Para a superação dessa realidade resultante de uma sociedade com altíssimos índices de consumo é necessária uma estratégia de planejamento urbano associada a políticas de proteção ambiental.

Mas eis que assistimos através da grande mídia hegemônica uma dessas famosas apresentadoras de televisão decretando que as sacolas de plástico de supermercado serão proibidas inicialmente em São Paulo e posteriormente por todo o território nacional.

O que implica que seja aprovada uma legislação federal sobre a matéria plenamente respaldada pelas normas constitucionais.

Mas como vem acontecendo em todas as questões, primeiro o complexo midiático hegemônico mundial, e congêneres nacionais, "legislam" sobre o assunto com intenso fogo de barragem publicitário e depois, sob coerção política, que se façam as leis.

Assim é que na coluna dos leitores da Gazeta de Alagoas uma senhora emitiu a sua opinião afirmando que o plástico tem sido usado desde os anos trinta do século passado como uma realidade que a sociedade moderna não pode abrir mão.

Presente numa imensa cadeia de coisas, desde as simples embalagens até às sofisticadas, complexas e resistentes engrenagens de alta precisão, na indústria automobilística, aeronáutica etc. Podemos acrescentar a essa infindável lista a medicina e quase todos os ramos da atividade humana.

A utilização do plástico resolveu muitos problemas para a humanidade e o seu manejo inadequado acarretou outros tantos. E dando como certa a sua extinção ela pergunta o que vai substituir as sacolas plásticas.

Na verdade o que há é uma tendência de reciclagem não especificamente das sacolas de plástico mas do lucro através do chamado "capitalismo verde" com novidades cosméticas que não alteram a natureza das desigualdades sociais nem dos problemas ambientais.

Mas aumentam significativamente a taxa de lucro e tornam os produtos bem mais caros ao cidadão comum.

É que mesmo em crise há uma ofensiva ideológica do capital global, como por exemplo a crescente antropofobia, gerando um discurso próprio de uma ditadura cultural, estética, do pensamento e comportamento únicos, típico de uma sociedade industrial-totalitária em consolidação nos tempos atuais.