sábado, 26 de fevereiro de 2011

Fidel e Frei Betto conversam sobre a Líbia


O líder revolucionário cubano Fidel Castro conversou durante várias horas com seu amigo, o teólogo brasileiro Frei Betto, sobre a revolta popular na Líbia, informou neste sábado, 25/02, um comunicado oficial, publicado na imprensa local.

É conhecida a amizade entre Fidel, com 84 anos e afastado do poder desde julho de 2006 por conta de um problema de saúde, e o escritor Frei Betto. Durante o encontro fraternal e longo, realizado na tarde de sexta-feira, Fidel e Frei Betto "falaram sobre diversos temas, entre eles, a situação na Líbia, outros assuntos internacionais e de interesse mútuo", afirmou o texto do comunicado.

O ex-presidente cubano publicou nesta semana na imprensa local dois artigos sobre a rebelião contra o regime do líder líbio Muamar Kadhafi, o qual conheceu pessoalmente quando visitou a Líbia em maio de 2001.

No segundo, escrito na quinta-feira, denunciou que os Estados Unidos e a Otan bailam "uma dança macabra de cinismo". “Vão tratar de tirar o máximo proveito dos lamentáveis acontecimentos da Líbia. Ninguém seria capaz de saber neste momento o que está ocorrendo ali. Todas as cifras e versões, até as mais inverossímeis, têm sido divulgadas pelo império através dos meios de comunicação de massa, semeando o caos e a desinformação”, Fidel afirma.

Acrescenta o líder cubano: “É evidente que dentro da Líbia se desenvolve uma guerra civil. Por que e como a mesma foi desencadeada? Quem pagará as consequências?”. Alerta: “Os meios de comunicação de massa do império prepararam o terreno para atuar. Nada haveria de estranho numa intervenção militar na Líbia, com o que, ademais, garantir-se-ia à Europa os quase dois milhões de barris diários de petróleo leve, se não ocorrerem antes acontecimentos que ponham fim à chefia ou à vida de Kadafi.”.

Fidel destaca: “No Iraque se derramou o sangue inocente de mais de um milhão de cidadãos árabes, quando o país foi invadido com falsos pretextos. Missão cumprida! – proclamou George W. Bush. Ninguém no mundo nunca estará de acordo com a morte de civis indefesos na Líbia ou qualquer outro lugar. E me pergunto: os Estados Unidos e a Otan aplicarão esse princípio aos civis indefesos que os aviões sem piloto ianques e os soldados dessa organização matam todos os dias no Afeganistão e no Paquistão?”.

Para ler o texto de Fidel Castro na íntegra, veja em:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=9&id_noticia=148289

A revolta árabe e as redes sociais

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


Os últimos acontecimentos no mundo árabe onde as populações rebeladas têm ido às ruas para exigir o fim de ditaduras violentas, trouxeram mais uma vez à tona uma discussão que vai se tornando rotineira.

Trata-se do papel das chamadas redes sociais na Internet. Não há a menor dúvida sobre o extraordinário avanço tecnológico nas comunicações em geral, e entre as pessoas, a partir do advento da Internet e o constante desenvolvimento das suas ferramentas.

No entanto atribuir às redes sociais o papel de motor principal das revoltas populares no mundo árabe ou qualquer outra região, como muitos afirmam, inclusive âncoras de televisão global, é no mínimo um grande equívoco ou uma desinformação proposital.

As ditaduras constituídas na região árabe foram em sua esmagadora maioria arquitetadas, ou consentidas, através da política externa dos Estados Unidos da América com o explícito objetivo geopolítico de controlar e exercer hegemonia em uma região estratégica em petróleo.

A maioria dos regimes que estão desabando ou ameaçados pela pressão social explosiva, é de aliados incondicionais do governo norte-americano há décadas que por sua vez jamais utilizou sua poderosa máquina midiática global para acusar qualquer violação dos Direitos Humanos nessas nações.

Com exceção da área que cobre o Estado de Israel e a nação Palestina, incluindo alguns Países vizinhos, as agências noticiosas dos Estados Unidos e Inglaterra, que exercem o monopólio da informação no mundo ocidental, nunca denunciaram os governos tirânicos da região.

Em relação ao Egito, grande País da região, o que o cidadão médio comum sabia era um pouco mais do que as pirâmides e os sarcófagos dos faraós além de novos túneis e labirintos, descobertos por arqueólogos, desvendando mais tesouros e múmias de uma civilização milenar.

Mas o mundo árabe, e muitos outros Países pelo mundo afora, vive uma situação de pobreza, ou miséria crônica, vítima de regimes sociais terríveis apesar da incrível riqueza acumulada através da exportação do petróleo.

Tudo isso agravado pela alta dos preços dos alimentos, consequência da criminosa especulação no mercado internacional que se soma à ausência de políticas públicas em saúde, educação, além do desemprego generalizado.

As redes sociais são excelentes ferramentas de intercomunicação, mas a revolta da “Rua Árabe” é decorrente mesmo da consciência humana, da vontade insurgente contra a humilhação, da insubordinação desses povos oprimidos contra as suas soberanias aviltadas.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Professora da UFAL analisa o uso pela mídia do termo “ativista” em vez de militante

A Gazeta de Alagoas publica em sua edição deste domingo, 20/02, análise feita pela cientista política Evelina Antunes, professora da Universidade Federal de Alagoas, UFAL, entrevistada pela repórter Carla Serqueira que assina extensa matéria sobre a utilização do termo “ativista” em substituição a militante ou manifestante, que vira moda no mundo inteiro graças à mídia.

Para Evelina, “ativismo” não é uma expressão recente. Explica que “o termo ativismo nos remete à noção de filiação, de comprometimento, de atividade que vincula idéia e ação. Deste modo, o ativismo acompanha a história da humanidade”.

“Apenas nos acostumamos a falar em militantes quando queremos enfatizar a defesa de certas ideias e instituições, por um longo período de tempo. No Brasil, na década de 30 do século passado, falava-se tanto em militantes comunistas quanto em militantes integralistas, deixando de lado a associação do termo apenas aos movimentos de esquerda. Mas um militante é também um ativista e vice-versa”, esclarece, ao criticar a generalização do termo ativista nos dias atuais. Para ela, falta zelo na hora de especificar que atores estão promovendo o ativismo.


“Sinceramente, acho que falta cuidado da mídia com o uso das palavras. E os atuais conflitos do Oriente Médio e do norte da África – lugares praticamente desconhecidos por muitos de nós – facilitam certa homogeneização de expressões. É claro que em todos estes conflitos ativistas estão em ação, mas se perde a oportunidade de informar quais grupos atuam, de que maneira e por quais razões”.

Sobre o destaque dado pela grande mídia internacional sobre a internet como fator de mobilização, a professora Evelina diz que o uso da Internet na organização de protestos é consequência natural da popularização da informática. “Ativistas precisam falar com os outros e falarão com os meios disponíveis em seu tempo. Hoje temos a Internet, em outros tempos, panfletos eram distribuídos em portas de fábricas ou praças públicas”.

Para Evelina, a atuação de ativistas independe de épocas. Ela também considera vazio o significado do termo se não vier inserido num contexto. “Prefiro pensar no ativismo como uma variável dependente dos conflitos sociais, em qualquer época. A expressão de diferentes interesses que é inerente a qualquer tipo de conflito pode ser entendida como algo feito por ativistas. Mas simplesmente classificar manifestantes como ativistas não nos informa muito”.

Renato Rabelo: política macroeconômica se esgotou


A política macroeconômica do Brasil foi objeto de discussão tanto na reunião da Comissão Política Nacional do PCdoB, realizada em 18/02, quanto no Fórum de Movimentos Sociais do PCdoB, reunido no último sábado, 19/02.

Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, afirmou que do ponto de vista econômico, o governo da presidente Dilma deve ser considerado como uma nova etapa na construção do projeto nacional de desenvolvimento. Isto sigfnifica, na sua opinião, inverter a lógica da política macroeconômica. “A política macroeconômica vigente se esgotou. É impossível desenvolver o Brasil tendo como componentes principais de política macroeconômica taxas de juros elevadas e câmbio sobrevalorizado”.

Renato criticou com veemência o ajuste fiscal, que mantém o país numa lógica financeira rentista e desconhece o desafio de aumentar a taxa de investimento e criar as bases para obter uma taxa média de crescimento econômico maior do que a de 4% atingida durante os dois mandatos do ex-presidente Lula. “Se o governo não estiver atento a isso, vai ficar sem perspectiva”, acrescentou.

Na sua avaliação, a política de ajuste fiscal e “racionalidade dos gastos” que vem sendo adotada neste início de governo segue uma lógica de concepção monetarista de desenvolvimento. “Por que não faz parte do arrocho fiscal essa verba utilizada para pagar juros? Trata-se de uma decisão política”. Para Renato, “manter essa linha, transfere renda em grande volume para um punhado, que são os rentistas, enquanto a grande maioria perde essa renda, que poderia ir para a produção. Assim, a lógica neoliberal permanece”.

O PCdoB defende uma linha desenvolvimentista, com centro em taxas de investimento crescentes, a fim de conquistar índices médios de 6% a 7% de crescimento anual do PIB. Além de defender o investimento voltado à produção, o presidente do PCdoB pautou a importância das reformas estruturais democráticas, como a política, a tributária, a agrária, a da educação, a da saúde e a urbana.

A importância do movimento popular

Renato Rabelo reafirmou o caráter revolucionário da atuação do partido e falou sobre a tática de acumulação de forças e acerca da atualidade do Programa do PCdoB, que estabelece três frentes de disputa política: institucional, movimentos sociais e luta de ideias, “que devem ser intimamente articuladas, estando uma a serviço da outra”.

Para Renato, “o movimento popular é a força motriz que transforma”. Entretanto, ele acredita que os movimentos sociais só terão condições de influenciar na política nacional e pressionar o governo se conseguirem unificar as suas bandeiras e a sua agenda política.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A nova lei seca

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:



Um release divulgado mundialmente informa que uma agressiva campanha contra o consumo do álcool estará em curso muito em breve. E diz que pesquisadores britânicos concluíram que o hábito de beber é mais prejudicial, ao usuário e ao meio social, do que a heroína ou o crack.

Mesmo não sendo um “pesquisador britânico” ou um cientista da área médica, desconfio muito de semelhante conclusão.

Na verdade o que estamos assistindo são manifestações explícitas de uma ideologia conservadora, intolerante, segregadora e que acima de tudo pratica uma política de “limpeza” das sociedades. E isso sempre foi muito perigoso.

Mas o que os “pesquisadores britânicos” não divulgam são as condições de vida das populações do planeta, vítimas da ausência criminosa de políticas públicas básicas, inclusive sanitárias, que atendam aos fundamentos de uma existência digna de um ser humano.


Além disso há uma crise profunda na economia mundial provocando o desemprego de dezenas de milhões de novos excluídos por um sistema em debacle enquanto os bancos de especulação aumentam à estratosfera a riqueza de uma minoria cada vez mais reduzida.

Eles deveriam também se debruçar sobre as gravíssimas consequências para centenas de milhões de almas do sistemático aumento dos preços dos alimentos decorrentes da especulação com as commodities no mercado mundial que, ao lado das armas e dos narcodólares, representam atualmente as maiores fontes de acumulação do capital global. Uma acumulação sinistra e mortal

Vivemos uma intensa crise de civilização, da nova ordem mundial, que destrói os grandes valores erigidos pela humanidade. Mas não é uma crise dos povos, que a tudo isso resistem.

E isso provoca uma espécie de neurose coletiva, desespero e escapismo, inclusive na juventude sem horizontes, vivendo no presente contínuo. Daí o aumento do consumo das drogas, lícitas ou ilícitas, do alcoolismo etc.

O que se pretende não é alertar sobre os perigos do uso excessivo do álcool, mas a construção do discurso ideológico, hipócrita, ambíguo, sobre uma “sociedade limpa e higienizada”.

Uma alegoria da “missão civilizadora da Alemanha pura e virtuosa contra a humanidade decadente e viciosa” nos idos trágicos de 1939 a 1945. Deu no que deu. Só é possível vencer os males físicos, psíquicos, gerados em uma ordem nefasta, através de altos valores humanitários, econômicos e sociais.

Marcelo Malta subscreve requerimento na Câmara de Maceió

O pronunciamento do vereador Marcelo Malta na Câmara de Maceió, na sessão da última terça-feira, 15/02, repercutiu na imprensa e recebeu grande destaque nos sites de notícias alagoanos e blogs, além dos jornais diários, com inúmeros comentários elogiando sua postura.

O requerimento pede a instalação de uma Comissão de Inquérito para investigar as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual sobre a “máfia do lixo”, que teria contado com a participação do prefeito de Maceió Cícero Almeida.

De acordo com Marcelo Malta, a decisão de assinar a Comissão Especial de Inquérito foi tomada pelo partido. “Reafirmo a postura de independência em relação à atual gestão Cícero Almeida na prefeitura de Maceió, após sua participação ativa no campo adversário vitorioso nas últimas eleições, em quase todos os âmbitos da batalha. Em decorrência dessa linha política, o PC do B deve manter posição de independência na Câmara Municipal. Para tanto, conduzo-me para uma posição firme, serena e equilibrada em relação à ação fiscalizadora no Legislativo de Maceió, o que implica na adoção da postura de ser favorável ao pedido de instalação de uma CEI em decorrência de uma ação da Promotoria Coletiva da Fazenda Pública com relação a graves problemas administrativos na gestão do prefeito”, disse Marcelo em seu discurso.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Renato Rabelo: a verdadeira natureza do gasto público

Texto de Renato Rabelo, publicado no blog do Renato (http://renatorabelobr.blogspot.com/), que transcrevo aqui pela sua grande importância para a compreensão e necessária discussão dos rumos do Brasil:


A grande imprensa conservadora e os gestores do capital financeiro receberam com alvíssaras a notícia do corte de R$ 50 bilhões nos chamados “gastos de custeio” do orçamento. Contingenciamento de verbas ministeriais e de emendas parlamentares, suspensão de nomeações no executivo e de concursos foram o mote deste anúncio. A “grande notícia do dia” foi o objetivo de alcançar a meta de crescimento dos “gastos” governamentais abaixo da previsão de aumento do PIB para este ano, algo inédito desde o início do segundo mandato do presidente Lula. Logo, segundo os conservadores de plantão, mais uma “nefasta herança” do antecessor a ser superada e comemorada.

Trata-se do objetivo dos setores neoliberais representados na mídia e no pensamento econômico dominante de isolar Dilma Rousseff de qualquer relação de continuidade com o governo anterior, numa evidente tentativa de isolá-la e consequentemente enfraquecê-la durante o curso da luta política. Desconstruir o governo Lula na ponta do processo significa a própria desconstrução do governo que está aí. Declarações de gente da administração do estado, de transformar em “mantra” governamental a “eficiência dos gastos”, além de fazer coro com a alternativa derrotada nas eleições de 2010, não ajudam em nada neste sentido.

Mas o momento exige serenidade e observação. Não vamos cair numa armadilha palmilhada pela própria oposição sem discurso. A essência da contenção fiscal anunciada é meramente política, pois do ponto de vista da economia é muito difícil acreditarmos que os graves problemas da nação estão em vias de solução com a transformação em “mantra” a política de “eficiência de gastos”. Sob outra ótica, temos de estar atentos para a forma como politicamente podem ser tratados aqueles que se opõem a esse ajuste. O terrorismo e o apelo a não voltar a um passado inflacionário deve ser enfrentado com argumentos sólidos. A verdade é que ninguém deseja crescimento com inflação. Mas a vontade humana não pauta o movimento de rotação da Terra. Mas o planejamento em todos os níveis pode sim determinar meios e maneiras progressistas ao enfrentamento de contradições anexas ao processo de desenvolvimento. Entre tais contradições está, também, a inflação.

Por exemplo, o objetivo é de baixar a relação dívida x PIB que atualmente é de 40%, como forma de atingir o “objetivo estratégico” de ter “crescimento sem pressões inflacionárias”. Duas realidades externas podem servir de parâmetro. Índia e China, dois dos países que mais crescem no mundo, tem dívidas públicas em relação do PIB da ordem, respectivamente de 58% e 50%. São países que também enfrentam ciclos de alta inflacionária e nem por isso se colocam diante da necessidade – para enfrentar a inflação – de rebaixar suas taxas de investimentos (também com relação ao PIB médio entre 2003 e 2009) de 34% (Índia) e 44% (China). Essa mesma relação no Brasil não passa, há anos, da casa dos 20%. Trabalhando apenas com essas variáveis, podemos polemizar, apontando que o problema da inflação e da busca por desenvolvimento sustentável no longo prazo não está no trato com o gasto público em si. O problema está na variável investimento, pois no horizonte o que a realidade e a história demonstram que aumento da taxa de investimento significa maior crescimento do PIB e, conseqüentemente, capacidade de dispor de uma dívida pública nos limites do suportável.

Já sobre a discussão específica sobre os gastos públicos e sua eficiência, é importante frisar que o apelo para esta discussão como uma fronteira entre “bem” e “mal” carrega grande dose de perigo. O debate amplo de ideias neste quesito deve ser procedido de um embate em torno do conjunto do orçamento da União e não sobre a parte voltada, do orçamento, para investimentos e gastos de custeio. Discutir o conjunto do orçamento levará a percepção da verdade sobre a natureza do gasto público de nosso país: em média nos últimos oito anos 30% deste mesmo orçamento está voltado para as obrigações do Estado para com os juros da dívida pública.

Os aumentos dos juros levam ao crescimento geométrico da dívida pública. Quem ganha com isso? A questão a ser levantada aos defensores da transformação da “eficiência dos gastos” em “mantra” está na necessária explicação dos motivos da não entrada destes gastos com juros no pacote de arrocho fiscal. É por isso que argumento que a opção pelo ajuste tem natureza intrinsecamente política e não técnica, pois são interesses políticos que sustentam a própria naturalização e irreversibilidade deste repasse de recursos públicos do Estado para o sistema financeiro.

A discussão é longa e o debate deve ser aprofundado. Sair da superfície, analisando o destino de todo o conjunto do orçamento nacional é um interessante ponto de partida para uma necessária politização do debate. Politização capaz, também, de colocar no centro da discussão o próprio papel cumprido pela atual política monetária no processo de utilização do orçamento da União para fins mais nobres do que limpo e repasse de grande fatia deste dito orçamento para uma minoria ínfima da população detentora dos títulos da dívida pública.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A morte do multiculturalismo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


                                             David Cameron, primeiro-ministro britânico

Na década de setenta passada surgia na Inglaterra e nos Estados Unidos o neoliberalismo. Algum tempo depois, em 1989, Francis Fukuyama, norte-americano, até então um obscuro professor de História e Filosofia, publica um artigo em uma revista de circulação restrita intitulado “O fim da História” e posteriormente, em 1992, o livro “O fim da História e o último homem”.

Estava lançada uma das bases da maior ofensiva conservadora em escala planetária depois da segunda guerra mundial. Na verdade, Fukuyama era uma das figuras chaves do governo do presidente dos EUA Ronald Reagan.

Mas faltava algo que associado às teses neoliberais na economia e às ideias do “fim da História” completasse o arcabouço de uma doutrina de caráter estratégico que permitisse a construção de uma hegemonia em dimensão planetária.

Assim é que toma corpo definitivo, nos EUA e Inglaterra, um conjunto de políticas institucionais amplamente conhecidas como o multiculturalismo.

Tal foi o investimento midiático e a aceitação acrítica dessas ideias que elas se espalharam pelo planeta como algo incontestável, consagradas pelo termo imperativo do “politicamente correto”.

De acordo com muitos jornalistas, intelectuais, artistas de expressão nacional etc, o “politicamente correto” é uma expressão utilizada para se exercer um novo tipo de censura, a “censura envergonhada”.

Todos esses fenômenos possuem origem na nova ordem mundial, em um mundo desenhado na hegemonia unipolar dos EUA.

O que se instalou foi uma época regressiva, ou contra-revolucionária, pobre de espírito, mesquinha, intolerante, de fragmentação social.

Portanto o que estamos vivendo é uma crise de civilização, associada a uma crise sistêmica da atual ordem econômica mundial, com a resistência dos povos a essa hegemonia, como ocorre atualmente no Egito e mundo árabe.

Esse multiculturalismo global transformou falsos conceitos em política de Estado. Assim foi no Brasil, nos últimos dezesseis anos, em duas gestões presidenciais distintas, com consequências perniciosas ao pensamento avançado no País.

Na semana passada o premiê inglês Cameron e a chanceler alemã Merkel em entrevista coletiva disseram que o multiculturalismo perdeu a sua utilidade e decretaram a sua falência. A criatura já não é mais útil aos seus criadores. Essa morte anunciada, sinal dos tempos, provocará um terremoto cultural no mundo. Ainda bem.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Relatório confirma aumento de homicídios em Alagoas: em 2010 foram 2.226 casos

Matéria publicada na edição de hoje da Gazeta de Alagoas, assinada por seu chefe de reportagem, Lelo Macena, afirma que a taxa de homicídios de 2010 em Alagoas é a maior já registrada por um Estado brasileiro, segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo Mapa da Violência – Anatomia dos Homicídios no Brasil.

Para se ter uma ideia da evolução, em 1999 foram registrados no Estado 552 homicídios. Passados onze anos, o número de assassinatos teve um aumento de 303%, chegando ao recorde de 2.226 mortes violentas em 2010.

O pesquisador, que tem como base os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, disse à Gazeta de Alagoas que pesquisou dados das décadas de 1980 e 1990 e não encontrou, em nível de Estado, taxa superior à registrada em Alagoas em 2010, que foi de 71,3 homicídios para cada 100 mil habitantes (em 2004 Alagoas havia apresentado uma taxa de 35,1 homicídios para cada 100 mil habitantes).

A informação teve repercussão nacional por meio de reportagem do jornalista Carlos Madeiro, publicada ontem do site UOL notícias.

Comissão Política Estadual do PCdoB-AL aprova Resolução Política

Em reunião realizada na quinta-feira, 03/02, a Comissão Política Estadual do PCdoB-AL aprovou Resolução Política em que é feita uma análise dos problemas e desafios a serem enfrentados pelo Partido no Estado e são traçadas a linha e orientações para a reconstrução do PCdoB em Alagoas e para seu projeto político para 2012.

O documento parte de uma análise do quadro político no Estado, a partir das últimas eleições, passando pelo projeto eleitoral do PCdoB que deverá começar a ser esboçado já em março, até à renovação em curso, através da comissão político-organizativa, tendo em vista o crescimento diferenciado do Partido, com filiados de posições efetivamente democráticas e progressistas, preocupados com as condições da população, dos trabalhadores, da juventude, mulheres, minorias etc. - novos ou antigos filiados que somem na luta por uma Alagoas e um Brasil mais avançados.

O objetivo do PCdoB-AL em 2012 será aumentar o número de vereadores sob a legenda e se possível de prefeitos, com uma nova referência de aumentar qualificadamente o nível político e ideológico de compromissos com o povo e a sociedade e com as causas democráticas e progressistas, para com o Estado de Alagoas e do Brasil.

A Resolução Política reafirma ainda a postura de independência em relação à atual gestão Cícero Almeida na prefeitura de Maceió, após sua participação ativa do campo adversário vitorioso nas últimas eleições, em quase todos os âmbitos da batalha.

Veja mais em: http://www.vermelho.org.br/al/noticia.php?id_noticia=146986&id_secao=46

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Maestro Fon-fon, o alagoano que encantou o Brasil e a Europa

Regente, arranjador, instrumentista e compositor, Otaviano de Assis Romeiro nasceu no dia 31 de janeiro de 1908, em Santa Luzia do Norte. Iniciou sua vida musical ainda criança, numa banda de pífanos.

Em 1935 criou sua própria orquestra, para atuar no Cassino Assyrio, no Rio de Janeiro. Foi o primeiro maestro no Brasil a utilizar naipes de saxofones e metais, dando à sua orquestra uma sonoridade especial. Em 1942 acompanhou com sua orquestra, na Odeon, Ataulfo Alves e sua Academia, na gravação do clássico samba “Ai que saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago.

A partir daí dirigiu e acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como Carmem Miranda, Francisco Alves, Dircinha Batista, Moreira da Silva, Almirante, Emilinha Borba, Dalva de Olveira, Herivelton Martins, Orlando Silva, e Aracy de Almeida.

Em 1947, recebeu convite do Club Champs Elisées e foi com sua orquestra para Paris, permanecendo na Europa por quatro anos, apresentando-se com enorme sucesso em vários países.

Veja mais no: http://www.maestrofonfon.blogspot.com/

Veja ainda no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: http://www.dicionariompb.com.br/fon-fon

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um caos abaixo do céu


Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:

Os extraordinários acontecimentos que estão sacudindo o mundo árabe obrigam todas as nações a voltarem suas atenções para os países da região. E não sem razão, porque duas questões fundamentais estão em jogo em consequência das explosões populares, em especial no Egito.

Da Tunísia ao Egito, passando pelo Iêmen à Jordânia, os povos tomaram as ruas e determinados, lutam pela liberdade e protestam contra ditaduras e os seus ditadores.

A velocidade dos acontecimentos surpreendeu a todos os observadores com exceção dos especialistas na área, que já vinham acompanhando, em sintonia fina, o desenrolar das agudas contradições entre os povos e os regimes que fervilhavam no caldeirão até à explosão a olhos vistos.

Esse protesto que se estende por vários países do mundo árabe já é denominado como a “Revolução de Jasmim”. Uma das primeiras causas dessa insubordinação popular nós já a conhecemos e a vivenciamos em nossa pele, em menor grau.

Foi o sentimento de indignação, humilhação, dos brasileiros, e a consequente revolta contra um governo autoritário, mas sem dúvida em menor intensidade do que os egípcios, porque por lá o regime tirânico já perdura por trinta anos.

Assim, na luta social dos egípcios contra uma ditadura sufocante de três décadas, ressurge como emblemática a frase de Mao Tse Tung que certa vez, analisando uma situação análoga, sentenciou: “Existe um grande caos abaixo do céu. A situação é excelente”.

E ela é evidente, porque essa será a única maneira de se provocar uma ruptura no Egito em transição para uma nova era das mais amplas liberdades políticas. Nunca é demais ressaltar a grave situação social por que passam os povos árabes que envolvem a fome, o desemprego, o abandono da juventude, saúde pública etc.

O Brasil e os países da América do Sul já foram considerados pelo mundo, quase que oficialmente, como o “quintal dos Estados Unidos”. Já não são mais.

A “Revolução de Jasmim”, dos povos árabes, para ser completamente vitoriosa deve associar às lutas pelas liberdades democráticas o combate renhido pelo resgate das suas soberanias, sequestradas há muito tempo pelos interesses geopolíticos, comerciais e petrolíferos, imperiais.

Proclamando com orgulho que seus Estados já não são protetorados dos EUA e assim construindo os seus destinos com autodeterminação e soberania plena.

Casos de dengue aumentam 907% em 2010 em Alagoas


O número de casos de dengue em Alagoas aumentou 907% em 2010, em relação ao ano anterior. Foram 55.272 casos, o maior número de casos já registrados na história do Estado, que continua enfrentando aumento no número de notificações neste início de 2011. Além da epidemia de 2010, nas três primeiras semanas de janeiro foram notificados 369 casos contra 247 em 2010, inclusive com 3 mortes.

O número de casos graves da doença e de mortes também cresceu em 2010. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, foram registradas 24 mortes no ano passado e 644 casos graves confirmados. Segundo a SESAU, o aumento de casos de dengue com febre hemorrágica e complicações se deve a três novos tipos de vírus da doença circulando no Estado.

Todos os municípios alagoanos tiveram infestação pelo mosquito Aedes aegypti em 2010, estando 69 dos 102 municípios em situação epidêmica (registraram índice superior a 300 casos para cada 100 mil habitantes) e 25 estão em situação de alerta (registraram entre 100 e 300 casos para cada 100 mil moradores).

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Comissão Política Nacional do PCdoB realiza importante reunião

A Comissão Política Nacional do PCdoB reunida na última sexta-feira, 28/01, em São Paulo, fez importante discussão a respeito do atual quadro político, após a posse da presidente Dilma Roussef e as primeiras medidas de seu governo, sobre o projeto político-organizativo do PCdoB, com ênfase na expressão de sua linha política e programática, e sobre o indispensável debate e luta pelos avanços na construção de uma nação democrática, soberana e socialmente avançada.

Um dos pontos principais debatidos na reunião foi a necessidade de fortalecimento do Partido. Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, disse que o PCdoB deve sustentar sua identidade, demarcando claramente as suas fronteiras políticas e ideológicas. A ênfase das discussões foi no reforço do caráter diferenciado do PCdoB, da identidade do partido e sua perspectiva transformadora.

Renato Rabelo destacou as mais urgentes reformas para o Brasil avançar e dar um salto em seu desenvolvimento econômico e progresso social: reforma do sistema financeiro para reverter a lógica rentista e favorecer a lógica produtiva; reforma tributária progressiva; reforma urbana; reforma agrária, fortalecendo os pequenos e médios empreendimentos e a agricultura familiar; reforma política e democratização dos meios de comunicação. A Comissão Política Nacional mostrou-se convicta de que dependem muito da luta do povo brasileiro, de suas organizações e dos partidos de esquerda.

Veja mais em: http://renatorabelobr.blogspot.com/2011/02/pcdob-se-opoe-ajuste-fiscal-e-propoe.html